A Agenda 2030, também conhecida como os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, é um programa estabelecido pelas Nações Unidas, com o compromisso de buscar soluções para os desafios globais e promover a paz e a prosperidade no atual mundo adverso. Para isso, a educação desempenha um papel central no empoderamento desta e das próximas gerações para a construção colaborativa de um futuro melhor e sustentável para todos (UNESCO, 2021). Congruentement, a escolarização aberta é uma abordagem promovida pela União Europeia que visa estabelecer parcerias entre escolas, universidades, empresas, centros de pesquisa e comunidade civil para uma sociedade mais cientificamente alfabetizada para a sustentabilidade (EC, 2018; HAZELKORN et al., 2015). A escola aberta para parcerias é fundamental para permitir que os estudantes discutam problemas e soluções dentro e fora do espaço escolar, reflitam sobre pesquisas e inovações relacionadas à vida real, interagindo com profissionais especializados, cidadãos de suas comunidades e famílias.
Na escolarização aberta sustentada pelos princípios CARE-KNOW-DO (Okada, 2020), os estudantes são engajados para identificar e discutir problemas da vida real para IMPORTAR-SE/CUIDAR, CONHECER/SABER e AGIR/ FAZER. Esta abordagem visa transformar a educação para que os jovens sejam envolvidos na aquisição de conhecimentos para a tomada de decisões em contextos autênticos e no desenvolvimento de competências científicas para a resolução de problemas de forma inovadora, agradável e responsável apoiada pelas tecnologias e ciências naturais, sociais e formais.
A escolarização aberta visa preparar os jovens para desenvolver competências para responder a cenários relevantes da vida real, apoiados por conhecimentos curriculares e abordagens participativas divertidas para melhorar a ciência ‘com’ e ‘para’ a sociedade. Nesse contexto, a educação emancipatória para o pensamento independente com diversão (Okada & Sheehy, 2020) possibilita que os estudantes menos favorecidos e também os estudantes menos representados da sociedade desenvolvam uma consciência crítica de seus contextos e do mundo para a transformação com a alegria no processo de busca e descoberta (Freire, 1967; 1984). Aprender de forma emancipatória e divertida permite aos estudantes serem protagonistas da sua própria história com a sua motivação intrínseca e prazer genuíno através da cooperação com os outros. A aprendizagem apoiada na pedagogia da autonomia com diversão permite que os aprendizes se tornem agentes transformadores com entusiasmo, iniciativa e energia motriz para inovar sua realidade e moldar um mundo melhor (Freire, 1996; 2009).
Este dossiê explora uma série de práticas inovadoras, desafios e recomendações para a educação apoiada pela escolarização aberta com Pesquisa e Inovação Responsável (Okada & Sherborne, 2018; Almeida & Okada, 2019). Nosso objetivo é reunir estudos inovadores sobre aprendizagem autêntica – isto é – com questões da vida real que incluem aprendizes, educadores, profissionais e gestores de políticas e da sociedade civil nas diversas áreas apoiadas por ciências, artes e tecnologias emergentes. O objetivo desta edição especial é abordar iniciativas transformadoras na educação por meio da escolarização aberta com base em estudos teóricos e empíricos em vários cenários apoiados em contextos de aprendizagem formal, informal e não formal.
Esta edição especial está aberta a artigos com diversas questões sociocientíficas da vida real relacionadas com a AGENDA 2030 (UNESCO, 2015), as missões europeias (EC, 2021), e os desafios globais (EC, 2018) que incluem, por exemplo, alimentos, saúde, meio ambiente, mudanças climáticas, energia e ciência-sociedade. Aguardamos métodos participativos diferenciados envolvendo a parceria entre escola, universidade e sociedade com diferentes configurações, por exemplo, práticas online, offline, híbridas e onlife (Floridi, 2015). Também incluindo diferentes ações, tais como pesquisa participativa baseada na comunidade, aprendizagem colaborativa baseada em projetos, mapeamento de investigação coletiva, ciência cidadã, cidadania ambiental, entre outros. Convidamos estudos sobre escolarização aberta por meio de uma variedade de tecnologias emergentes que criam oportunidades para os estudantes explorarem APPs, robótica, codificação, FabLab, MakerCulture, Inteligência Artificial, Narrativas Digitais de investigação, instrumentos de autoavaliação e coavaliação, políticas, currículo contextualizado com metodologias para a formação de professores em rede, cenários interdisciplinares, transdisciplinares e emancipatórios.
Os artigos podem ser enviadosem inglês, português e espanhol. Convidamos grupos de pesquisa, acadêmicos e profissionais interessados em compartilhar seus estudos científicos, incluindo métodos quantitativos, qualitativos, mistos, estudos de caso e trabalho conceitual bem fundamentado.
Sobre a revista e informações para os interessados.
A Revista de Acesso Aberto “Diálogo Educacional” (pontuação máxima no Brasil A1) é uma publicação quadrimestral, revisada por pares em sistema em sistema duplo de revisão anônima com circulação nacional e internacional impressa e online. Envie seu manuscrito online até 31 de janeiro para ser publicado na plataforma em junho de 2023. Para diretrizes de submissão de autores e mais detalhes, consulte a página de submissão:
https://periodicos.pucpr.br/dialogoeducacional/about/submissions
Referências
Floridi, L. (2015). The onlife manifesto: Being human in a hyperconnected era (p. 264). Springer nature.
Freire, P. Role of education in humanization. Series Articles, 1967.
Freire, P. Cultural action for freedom. Rio de Janeiro: Peace and Earth, 1984.
Freire, P. Pedagogy of autonomy: knowledge necessary for educational practice. 9. ed. São Paulo: Peace and Earth, 1996.
Freire, P. Pedagogy of hope: a reunion with the pedagogy of the oppressed. 16. ed. Rio de Janeiro: Peace and Earth, 2009.
Hazelkorn, et al.. 2015 (org.). Science Education for Responsible Citizenship. Luxembourg: Publications Office for the European Union.
EC (2018). Open schooling and collaboration on science education. [https://ec.europa.eu/info/funding-tenders/opportunities/portal/screen/opportunities/topic-search;callCode=H2020-SwafS-2018-2020]. European Commission
Okada, Alexandra and Matta, Claudia Eliane (2021). Teacher training for professional education through a course of extension on emerging Technologies with open schooling. Revista Diálogo Educacional, 21(71) pp. 1794–1819.
Okada, Alexandra; Souza, Karine Pinheiro de; Struchiner, Miriam; Rabello, Cíntia and Rosa, Luziana Quadros da (2023). Open schooling to empower Brazilian teachers: Emancipatory fun in education for a sustainable innovation ecosystem. In: Holliman, Andrew J. and Sheehy, Kieron eds. Overcoming Adversity in Education. London: Routledge, pp. 234–248.
Okada, Alexandra and Sheehy, Kieron (2020). The value of fun in online learning: a study supported by responsible research and innovation and open data. Revista e-Curriculum, 18(2) pp. 319–343.
Okada, Alexandra and Sherborne, Tony (2018). Equipping the Next Generation for Responsible Research and Innovation with Open Educational Resources, Open Courses, Open Communities and Open Schooling: An Impact Case Study in Brazil. Journal of Interactive Media In Education, 1(18) pp. 1–15.
UNESCO (2021). UNESCO and Sustainable Development Goals https://en.unesco.org/sustainabledevelopmentgoals